Representar a seleção inglesa de futebol é amplamente visto como uma honra incrível. O futebol de clubes pode oferecer a emoção semanal da competição, mas vestir a camisa dos Três Leões carrega um significado emocional distinto. Para alguns jogadores, simboliza orgulho e dever – mas para outros, pode parecer um fardo indesejado.
Jamie Carragher admitiu abertamente que preferia passar os fins de semana no Liverpool em vez de trabalhar na Inglaterra, e estava longe de estar sozinho. Aqui estão dez jogadores talentosos que, apesar de sua imensa habilidade, tiveram relações tensas ou complicadas com a seleção nacional.
Paul Robinson (41 internacionalizações)
É incomum que os jogadores rejeitem uma convocação para a Inglaterra, mas o goleiro Paul Robinson deu um passo além em 2010, quando Fabio Capello o contatou – ele se aposentou imediatamente do futebol internacional.
“Só agora fui capaz de tomar esta decisão… Não me vejo como goleiro número 3 ou número 4. Acho esse papel muito frustrante”, explicou Robinson, acrescentando que era melhor focar no futebol de clubes com o Blackburn Rovers.
Entre 2003 e 2007, ele somou mais de 40 internacionalizações antes de ser dispensado após erros caros que fizeram com que a Inglaterra não conseguisse se classificar para a Euro 2008. Embora mais tarde tenha sido chamado de volta à seleção mais ampla, ele nunca mais jogou pelo seu país.
Ben Foster (8 partidas)
Muito antes de sua fama no podcast, Ben Foster estava na disputa pela camisa 1 da Inglaterra, somando oito partidas pela seleção. No entanto, ele se aposentou das seleções em 2011 devido a um relacionamento ruim com Capello, admitindo mais tarde que o técnico italiano não lhe mostrou “nenhum respeito”.
Citando inicialmente os ferimentos, Foster acabou confessando que queria mais tempo com sua família. Ele voltou ao time somente após a saída de Capello, quando Roy Hodgson se tornou técnico da Inglaterra em 2012.
Micah Richards (13 internacionalizações)
Micah Richards já foi cotado para suceder Gary Neville depois de fazer sua estreia pela seleção principal da Inglaterra com apenas 18 anos e 144 dias em 2006 – um recorde na época. No entanto, quando Capello assumiu o comando, Richards rapidamente caiu em desgraça, somando apenas uma internacionalização sob o comando do italiano.
Em 2012, Richards se viu na lista de espera de Hodgson para a Euro 2012, mas optou por jogar pela Equipe GB nas Olimpíadas. Ironicamente, lesões de outras pessoas poderiam ter aberto uma vaga para ele, mas sua decisão efetivamente encerrou sua carreira internacional.
Gabriel Agbonlahor (3 partidas)
Gabriel Agbonlahor, uma lenda do Aston Villa, fez apenas três partidas pela seleção principal da Inglaterra em meio à era de Beckham, Gerrard e Lampard. O seu descontentamento não resultava da representação do seu país, mas da atmosfera no campo.
Falando no talkSPORT, ele disse: “Eu odiei isso… Fabio Capello era como um professor. Você entrava e havia grupos – jogadores do Man United aqui, jogadores do Chelsea ali. Se você não estivesse em um clube de ponta, você não se encaixava.”
O ambiente fraturado fez com que ele temesse o dever internacional, apesar do orgulho da seleção.
Ben White (4 partidas)
Ben White, do Arsenal, floresceu sob o comando de Mikel Arteta, mas sua carreira internacional continua complicada. Depois de deixar a Copa do Mundo de 2022 mais cedo por “motivos pessoais”, surgiram relatos de um desentendimento com o assistente técnico Steve Holland.
Embora Gareth Southgate insistisse que “a porta estava aberta” para o Euro 2024, White recusou a oportunidade de voltar à equipa. Suas atuações no clube continuam excepcionais, mas ele parece relutante em se comprometer novamente com a Inglaterra.
Michael Carrick (34 internacionalizações)
Uma cinco vezes Campeão da Premier League com o Manchester United, a carreira de Michael Carrick na Inglaterra – que se estende por mais de uma década – produziu apenas 34 internacionalizações. Mais significativamente, isso teve um grande impacto em sua saúde mental.
“Estava achando difícil ir embora com a Inglaterra”, admitiu ele mais tarde. “Eu entendi o privilégio, mas achei muito difícil e não consegui mais lidar com isso.”
Carrick até pediu à FA que não o selecionasse, dizendo que ele estava “provavelmente à beira da depressão”. A sua experiência reflectiu o moral tenso que assombrou a chamada “Geração de Ouro” da Inglaterra.
Jamie Carragher (38 jogos)
Jamie Carragher, um ícone do Liverpool, nunca escondeu a sua falta de entusiasmo pelo serviço inglês. Falando no The Overlap em 2021, ele disse: “Não gostei de estar fora, principalmente quando você não está jogando… Mesmo quando estava lá, pensava no Liverpool no sábado”.
Competindo contra John Terry, Rio Ferdinand e Sol Campbell, Carragher frequentemente ficava no banco. A sua paixão pelo futebol de clubes sempre superou a sua ambição nacional.
Gary Neville (85 internacionalizações)
Poucos jogadores representam a lealdade ao clube como Gary Neville, que passou quase duas décadas no Manchester United. Mas os seus sentimentos em relação à Inglaterra eram confusos.
Em sua autobiografia, ele confessou: “Houve momentos em que pensei: ‘Bem, isso foi uma enorme perda de tempo’. Jogar pela Inglaterra foi uma longa montanha-russa.”
Apesar de ter somado 85 internacionalizações, Neville criticou frequentemente a falta de estrutura e unidade em comparação com o que viveu sob o comando de Sir Alex Ferguson em Old Trafford.
Steve McManaman (37 partidas)
Durante o seu auge, Steve McManaman foi um dos extremos mais habilidosos da Europa e uma figura chave no Real Madrid. No entanto, ele disputou apenas 37 internacionalizações pela Inglaterra, em grande parte devido a conflitos com os treinadores Glenn Hoddle e Sven-Göran Eriksson.
McManaman ficou de fora da seleção, apesar das atuações deslumbrantes na Espanha – uma decisão que intrigou estrelas como Zidane e Raúl. Em uma ocasião, ele pediu pessoalmente para ser excluído de um amistoso, encerrando efetivamente sua carreira na Inglaterra.
Paul Scholes (66 internacionalizações)
O lendário Paul Scholes continua a ser central num dos maiores debates do futebol inglês – o enigma do meio-campo de Scholes, Gerrard e Lampard. Forçado a assumir um papel de esquerda desconhecido para acomodar os outros, ele nunca pareceu gostar de futebol internacional.
De acordo com o ex-companheiro de equipe Michael Clegg, Scholes disse uma vez: “Ele odiava jogar pela Inglaterra… mas continuou porque era o que você tinha que fazer”.
Em sua autobiografia, Scholes esclareceu: “Fiquei farto. Quando você vai para um time, você quer jogar como um só – mas muitos estavam perseguindo a glória pessoal. Esse é o maior problema dos jogadores ingleses; a maioria é muito egoísta.”
Conclusão
Estas 10 estrelas, apesar do seu brilhantismo, lutaram para encontrar alegria representando a Inglaterra. Seja devido a conflitos de gestão, políticas internas ou desilusões pessoais, as suas histórias revelam um lado do futebol internacional raramente discutido – aquele em que o talento encontra a turbulência sob o peso dos Três Leões.
